segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Carta à Clarice


Recife
meu navio
deu de encalhar
nas tuas pedras
macias
me perco
nas suas palavras
cofre
onde navego
manso.

E
Clarice
você não parece
estar
nem aí
justo quando eu
estou aqui
pronto pra te ler
devagarinho.

Sabe,
esse dias
eu conheci uma menina
que também
gosta
muito de ti, Clarice.
Ela dá o sobrenome
Lispector
à
todas as coisas
boas
que acontecem em sua
vida.
Clarisce,
você
a
conhece?

O nome dela é Marli
e adora
fantasiar
olhando no horizonte
esperando
o barco de alguém chegar.
Clarice,
Marli mora
no Planalto Central
e lá,
como você já
sabe
não há mar
e talvez por isso
aquela moça
demora tanto
ver seu navio chegar.

Ela
assim como eu
que
já tive tantos
sonhos
está prestes a se chamar
de louca.
Que bom né,
Clarice
que ainda há esperança
na secura de
Brasília!

Moça,
continue aí
com seu livro
a mulher
com seu amante,
pode deixar
que
eu
balanço a sua rede.
Marli
nesse vem-e-vai
da rede
da onda
dos prédios
no cerrado
pode ficar tonta
e
eu não quero
desmaiada
alguém que eu tô
no jeito
de amar.

Adeus, por hora, Clarice

2 comentários:

  1. Vai lá, filho
    Buscar pelos fundos
    De paquetá
    A Galeguinha cacheada
    Para juntos Claricear

    Mas vai por mim
    Acredite
    Manera nos Contés, nos Nietzsches
    Não que ela não saiba
    Mas perder tempo com isso
    Sabes melhor que eu que é tolice

    Solta uns flertes
    Fala logo que quer uma bitoca
    Ela não é assim, facinha
    Mas sei lá, de repente rola um mirar
    E vai que rola!!!

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  2. Demorei a comentar, é que não sei se há palavras que possam dizer o quanto você toca fundo com o que diz, não somente o poema, mas as nossas poucas conversas. Poucas são as pessoas que conseguem com palavras tocar este coração, de pedra talvez, mas para você, não é tão difícil assim.

    E enquanto isso, deixa lá o poeta me enchendo com suas rosas, o garçom com os seus bilhetes, que tanto amo. São pequenos detalhes que tocam um coração.

    Obrigada por todas as palavras já ditas a mim, que como disse, não sei se mereço tanto assim, mas me faz um bem tão grande.

    E continue com a nossa querida Lispector, revigora a alma!

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